Vivemos quase que 24 horas conectados a um mundo virtual, onde conhecemos muitas pessoas, temos "amizade" com outras centenas, acompanhamos a vida de outros milhares, mas quando nos desconectamos muitas vezes vem a solidão. Uma dor estranha, um buraco dentro de nós que grita por socorro.
Sem saber exatamente o que é isso voltamos a nos conectar ou saímos para estar junto de pessoas em lugares lotados onde a maioria está sentindo o mesmo vazio, a mesma "solidão".
A solidão é um dos males do nosso tempo. Tentamos superá-lo recorrendo a todos os meios e remédios possíveis.
Estamos imersos no frenesi do estímulo para esquecer a solidão. Mas a solidão sempre volta e nos persegue quando baixamos a guarda porque não podemos escapar de nós mesmos.
Quando esses estímulos se vão, quando não estamos mais rodeados de pessoas ou assistindo TV, fechamos nossos livros e desligamos nossos telefones, ficamos com nós mesmos e o que vemos - ou talvez o que não vemos - nos assusta ou nos condena ao mais profundo aborrecimento.
Segundo Sêneca, "a solidão não é estar sozinho, é estar vazio".
Solidão como escolha ou solidão imposta? Você passa por isso ou conhece alguém que sofra de solidão?
A solidão forçada é uma solidão que não buscamos ou queremos, ela está associada a emoções negativas como tristeza, depressão e/ou vazio interior.
Essa solidão desencadeia a mesma resposta física que a dor, a fome ou a sede. Porque nosso cérebro pensa que ser cortado da comunidade, ser cortado da sociedade, é uma emergência e isso pode nos proteger.
Se continuarmos no ciclo da solidão e não aprendermos a gostar da nossa companhia, é provável que acabemos no abismo da depressão.
No entanto, não há mal nenhum em escolher ficar sozinho, muito pelo contrário. A solidão é necessária para introspecção, autodescoberta e esclarecimento de nossos pensamentos e sentimentos. A escolha de estar sozinho tranquilamente, nos proporciona a grande oportunidade do autoconhecimento, que pode nos favorecer em muitas situações, nos tornando mais tranquilos e seguros.
Segundo Sêneca:
"Temos a tendência de proteger os aflitos e os apavorados, para que não abusem da solidão. Nenhuma pessoa impensada deve ser deixada sozinha; nesses casos, ele apenas planeja más intenções e cria padrões de perigos futuros para si ou para os outros, porque seus desejos mais básicos entram em ação; a mente mostra o medo ou a vergonha que costumava reprimir; estimula sua audácia, agita suas paixões e estimula sua raiva".
Sêneca chama a atenção para o fato de que nunca estamos completamente sozinhos, porque quando o quadro social cai, quando ficamos sem estímulos para nos entretermos - ou nos drogarmos - ficamos com nós mesmos. E se nos sentimos sozinhos nesses momentos, isso significa que estamos em má companhia.
A experiência da solidão implica uma desconexão das pessoas para mergulhar num estado de inibição social que nos força a olhar para dentro. Olhar para nós mesmos requer uma grande dose de coragem, de humildade aceitação.
Pois entramos num espaço delicado onde não existe o "outro" o qual podemos responsabilizar por todos aqueles atos que fizemos ou deixamos de fazer.
Estar sozinho é nos reconhecer por inteiro, nos perdoar e nos libertar de tudo aquilo que nos joga na solidão, no medo, no desequilíbrio e muitas vezes na falta de vontade de viver. Nem sempre gostamos de ver quem realmente somos, muitas vezes sentimos vergonha e vontade de deixar tudo esquecido novamente sem mexer em nada.
Somente quando paramos de escapar de nós mesmos podemos ter certeza de que nunca mais ficaremos sozinhos.
Muitas pessoas podem estar na 5ª Avenida em Paris rodeado de pessoas e se sentirem sozinhos, enquanto outras pessoas estão sozinhas andando pelo deserto de Outback, na Austrália e estarem completamente tranquilas e em paz.
Cuide de você pois SOLIDÃO NÃO É ESTAR SÓZINHO, É ESTAR VAZIO!
Valéria Alves
Ajudo pessoas a se ajudarem!